1 de fevereiro de 2010

O mar democrático encrespou

Mais um caso para se falar toda a semana, mais um caso que em nada contribui para o crescimento de Portugal e para a resolução dos nossos problemas.
Como qualquer lance de grande penalidade discutível, vamos assistir ao dirimir de argumentos a favor e contra, vamos ver as mais variadas repetições, dos mais variados ângulos (os vários actores políticos a tentarem capitalizar em si os estilhaços de mais uma bomba) e no fim cada clube manterá a sua visão inicial.
Pessoalmente, a minha opinião sobre Mário Crespo é já desde há muito tempo negativa, pois enquadra-se naquele tipo de jornalistas que na sua condição de apresentador de noticiários frequentemente opina e toma partido de um dos lados. Se fosse comentador tudo lhe seria permitido e nada deveria ser criticado, apenas representaria a sua visão e opinião, como apresentador deverá ser imparcial e apartidário.
Feito este ponto prévio, parece-me que esta história, que tomo como verdadeira, não passa de uma exponencialização de um facto sem importância. O Primeiro ministro e mais dois colegas teriam falado sobre o jornalista, opinado sobre ele e até proposto o seu fim jornalístico. Mas afinal quem, à mesa de um restaurante com amigos, não dissertou já sobre as mais altas figuras do estado, quem não lhes diagnosticou o fim, programou “armadilhas” possíveis em que os mesmos caíssem? E o Sr Mário Crespo, quantas vezes nas suas crónicas do JN não apelidou os agora intervenientes de palhaços, quantas vezes não os catalogou como autênticos “mafiosos” sem ética. A mim ensinaram-me que a minha liberdade acaba quando violo a liberdade dos outros.
Concordo também que a não publicação pelo JN atribuiu novos contornos ao incidente, dando-lhe contornos de asfixia e controle dos meios de comunicação. Penso até que nem sequer foi preciso telefonemas de assessores para o director, penso que este deverá ter pensado que a ferida que estaria a abrir poderia sangrar o seu jornal de fundos para publicidade. Este é o grande poder de influência que o dinheiro exerce e que Mário Crespo também não está imune, pois trabalhando para a SIC decide publicar o artigo no Instituto Francisco Sá Carneiro (nada ligado ao PSD) e não no seu empregador, com maior exposição e maior impacto. Ou será que também a direcção de Informação da SIC também não quis avançar com o que chamamos vulgarmente de “conversas de café”? É só um palpite mas “cheira-me” que Mário Crespo estará em muito pouco tempo a escrever no Expresso ou no Sol. Sim porque também ele beneficia com esta polémica pois ganha protagonismo e VOZ.

PS. Depois de escrever o post ainda fui navegar mais qualquer coisa e o que encontrei? No Expresso a notícia que Mário Crespo vai publicar um livro com todas as suas crónicas e "O fim da Linha" encabeça a lista. Foi mais rápido com que eu esperava....
FM

5 comentários:

  1. Mário Crespo é apenas mais um jornalista do sistema. Mau profissional, faz par com mediocridades como Manuela M. Guedes ou Sousa Tavares.
    É Portugal, temos os políticos que merecemos e os jornalistas que lhes correspondem.

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  2. Mário Crespo refugiou-se na África do Sul quando da independência de Moçambique. Em entrevista, qundo lhe perguntaram se não tinha sentido curiosidade em ver Portugal pós 25 de Abril, responde que "não, odeio bagunça".
    Interrogado sobre o aparteid no país em que vivia diz:
    " A separação física era real. Às cinco da tarde a população negra desaparecia de Joanesburgo. As pessoas recuavam para os seus bairros periféricos. Havia tipos de cor variada, mas integrados nas suas funções, classificados e arrumados. Daí o ser compreensível a imensa reacção que a população – sobretudo a população emigrante portuguesa – teve ao fim do apartheid. (…) Gostariam de saber porque é que um gajo destes não foi um combatente antiapartheid? Não fazia sentido naquela altura. Não havia motivação para o ser. As minhas desculpas.”
    O homem não estava interessado em ver a liberdade conquistada em Portugal, o homem não via o aparteid, o homem não tinha motivação para denunciar as desigualdades, o homem só via os pretos desaparecerem à noite só ficando alguns de cor variada (!!!). O Crespo é um ser de formação muito "sui generis". Um asco.

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  3. Nunca gostei do tipo. Houve uma altura em que ele era duma subserviência ao poder instituido, no caso um governo ps, que dava para desconfiar.
    Depois mudou...mas o governo era o mesmo...

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  4. Chamou os bois pelos nomes e vá de abater o homem.

    Não comparem o Mário Crespo à Manuela da boca grande. O Mário é um Senhor no jornalismo.

    Quanto às vivências passadas aquando do 25 de Abril, não agindo como seu defensor, se Portugal era uma bagunça, certamente hoje ainda é uma bagunça. Somos governados por quem não quer saber dos nossos interesses, mas dos deles.

    O Mário Crespo põe o dedo na ferida... grita quem lhe doi.

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  5. Penso que sabemos porque é que o MC mudou de opinião em relação ao governo.
    Como não lhe deram um tacho (segundo dizem era a grande aspiração do senhor), tratou de começar a sua vingança pessoal.
    Se tivesse sido sempre coerente...ainda vá lá, agora assim não dá.

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