22 de fevereiro de 2010

Ricardo Araújo Pereira ao seu nível


Existem pessoas que nascem com um dom. Ricardo Araújo Pereira tem o dom de nos colar ao ecrã das televisões, de nos fixar a ler as suas crónicas escritas na Visão ou no jornal A Bola ou ainda em tudo o que escreve ou aparece.
Se tem 10 minutos não deixe de ler a entrevista que Ricardo deu ao DN. Simplesmente brilhante.

Algumas das melhores tiradas:
" porque Pinto da Costa quis inteirar-se do que significava ser um gato fedorento. Foi pesquisar a palavra fedorento, e daí foi para fétido. Viu o significado de fétido e foi para pútrido. E disse que, quando viu que um dos significados de pútrido era corrupto, parou e não pesquisou mais. Quem acompanha o futebol português não deve admirar-se com o facto de Pinto da Costa necessitar de ajuda para saber o que quer dizer a palavra fedorento, mas não precisar de ir ao dicionário para saber o significado da palavra corrupto."

"Cadelas. Chamam-se Lola e Flor, a propósito. Aproveito para fornecer essa interessantíssima informação. O nome da Flor já foi posto pelas minhas filhas. Elas propuseram duas hipóteses de nome: Flor ou Brincos de Princesa. Eu achei que teria alguma dificuldade em estar na rua a chamar Brincos de Princesa a um cão e por isso, apesar de ser um nome um pouco átono, optei por chamar Flor ao bicho."

"Fiz Introdução aos Estudos Literários, com o prof. Gustavo Rubim, e Literatura Portuguesa I, com o professor Fernando Cabral Martins. Tive 19 nas duas, o que significa que tenho média de 19 no curso. O facto de me faltarem umas 83 cadeiras para o acabar é, evidentemente, lateral"

"Ainda se lembra de quando não era um humorista famoso?
Sim. Não foi assim há tanto tempo. Mas posso garantir que a fama não me mudou. Eu já era um arrogantezeco armado em bom."

" um amigo descobriu-o disfarçado a um canto do estádio do Sporting a ver o jogo com o FCP. Gosta de passar despercebido?
Essa, toda a gente vê que é mentira. O estádio de Alvalade tem estado tão vazio que ninguém consegue passar despercebido antes de ser conhecido."

"Quando a Playboy saiu, fui abordado por senhoras que confessavam alguma frustração por eu não estar nu na revista. Garanti-lhes que, se eu estivesse nu, a sua frustração seria bem maior"

"Escolheu o Benfica porquê?
Essa é que é a grande pergunta. Não posso reclamar os louros dessa decisão porque, apesar de gostar muito de a poder reivindicar – muito embora ela demonstre um discernimento superior às minhas capacidades –, foi o meu primo António que me deu a catequese. Eu era muito pequeno e ele ia buscar-me a casa para me levar ao estádio porque os meus pais não ligavam a futebol. Nos últimos tempos, ele moderou um pouco (coisa que não lhe perdoo, aliás), mas naquela altura o meu primo tinha uma postura admirável, porque via o jogo a fumar um cigarro atrás de outro, a tremer, e torturado por tiques muito estranhos desde o princípio ao fim – coçava a nuca no colarinho, fazia sons com a boca... E eu lembro-me de estar a ver os jogos, observar aquele farrapo humano que era o meu primo durante noventa minutos e pensar: é isto que eu quero ser quando for grande.
Leva as suas filhas ao futebol?
Sim.
Gostam?
Claro. Como são pequeninas, é evidente que não exerço sobre elas uma pressão inadequada e adapto o discurso proselitista. Não me passa pela cabeça oprimi-las com a ideia de que têm de ser benfiquistas. O que lhes digo é: «Meninas, se não forem do Benfica, caem-vos os dentes todos e o cabelo também. E podem mesmo falecer.» Sem pressões."

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